sábado, 31 de janeiro de 2009
Hoje e sempre!
Entre lágrimas de chuva
e relâmpagos estridentes
que ecoam no nosso caminho,
existe o sol do teu sorriso,
o calor do teu abraço, a paz do teu olhar.
Hoje,
deixo-te o silêncio do mundo
para que te concentres nas palavras
e escrevas o poema que nos enlaça.
Poeta da minha vida,
trazes versos que nos unem, lindos
e tão nossos…
Hoje, meu amor
ofereço-te o meu corpo,
para que o declames, aos mares e aos ventos
como teu…
A minha alma,
que por vezes se encontra presa
em estalactites de gelo, pertence-te.
Basta um carinho teu para que se solte
e dance com a aurora.
A minha existência, permanece em torno da tua,
como os anéis em torno de Saturno.
Amo-te
hoje e sempre!
Vanda Paz
Sabedoria ou cobardia?
Há algum tempo para cá, que não consigo fazer mais nada a não ser preencher o tempo todo, com trabalho. Num ritmo acelerado, trabalho, brinco com os meus colegas, participo em tudo, tentando esgotar-me, para poder chegar em casa, e não poder sentir, não poder ter necessidade de nada... Será que há muito me tornei numa máquina e não me apercebi?
Sinto que as pessoas me admiram, me respeitam, mas quando me procuram para além do trabalho simplesmente, crio uma barreira, tal é a necessidade de não criar laços com ninguém. Estarei a ser injusta? Desumana? Mas o meu medo de perder é tal, que nada quero ganhar!... Ninguém entende porque no trabalho eu me entrego tanto e depois, nem o telefone atendo. Criei, eu uma ilha,no meio deste Mundo que gira sem parar? Estarei a revestir-me de altivez, orgulho despropositado? Ainda recordo a pessoa alegre, receptiva, que acreditava no ser humano. Por mais que eu tente, não consigo ressuscitar essa pessoa..Alguém matou esse ser... Os meus sonhos, guardo-os comigo, sem os partilhar. Tudo o que mais desejei e amei na vida me foi tirado, sem eu perceber, porquê. Não me permitindo lamentar, tornei-me um pouco dura, para poder ir em frente. Ninguém me vê chorar, já nem eu mesma... Por vezes fico cansada, por me obrigar a ser tão forte... O que será melhor? Viver, estando disposto ao sofrimento, ou dizer não aos sentimentos, para não sofrer? Apenas sou eu mesma quando estou com crianças... quando me encontro com a natureza. Estarei a ser cobarde ou sábia?
Fernanda Rocha
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Vai...
O caminho
já o descobriste!
Vai…
não hesites,
percorre-o
sem olhar para trás!
Vai…
acredita,
nós
que te amamos,
em ti confiamos!
Vai…
o Sol sorri-te,
a Lua confia-te
amor,
muito amor!
Vai…
tu mereces!
Dedicado à minha jovem Amiga Vera Leite (poeta Vera SOL)
José Manuel Brazão
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Monólogo
Não sei porque resvalo sempre na tua forma mais incrédula de recusares o sol na palma da tua mão. Chego a acreditar que todo o céu que te pintei até hoje nunca chegou a ser o tecto dos teus sonhos. Tenho mantido as estrelas acesas da forma mais simples para que o calor não te falte no peito. Hoje, escorreguei nas minhas lágrimas perdidas e quando me tentei agarrar ao teu silêncio, não estava lá. Caiu-me a alma como pena molhada num baú de recordações ficando empoeirada pelo pó de beijos afogueados que me deste em tempos. Ainda senti um breve cheiro do teu corpo suado. Por sorte, o meu corpo deu pela minha falta e apanhou-me, estou completa, nesta tristeza que mora comigo. Só que agora fiquei de castigo, dentro de mim, ouvindo o ranger de sorrisos forçados daquela que me traz e o bater descoordenado de um coração que não alcança o ritmo certo. O ambiente neste corpo não é dos melhores, as feridas da vida são tantas que até a mim me doem. Sufoco se ficar aqui, terei de voltar a escorregar nas lágrimas que saem dos olhos cansados deste ser que por vezes já nem existe, quem sabe, terei mais sorte desta vez e caia num abraço teu.
Vanda Paz
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Um sorriso
Nada custa, mas rende muito.
Enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o dá.
Às vezes, durante um instante, mas os seus efeitos
nunca acabarão.
Ninguém é tão rico que o possa desprezar,
Ninguém é tão pobre que o não possa oferecer.
Cria a felicidade em todos e em tudo.
É o símbolo da amizade e da boa vontade:
É medicina para os doentes; repouso para os
fatigados; nesga de sol para os tristes
e ressurreição para os desesperados.
Não se compra, nem se recebe a crédito:
ninguém o pode roubar.
Nenhuma moeda pode pagar a sua preciosidade.
Se durante o tempo de embirração os vossos
colaboradores não estiverem muito dispostos
para vos sorrir, tende compaixão deles:
Dai-lhes vós um sorriso de compreensão, porque…
Não há ninguém que tenha mais necessidade de um sorriso,
do que aquele que o não pode ou não quer oferecer.
Autor desconhecido
À espera
Descaídas
as pálpebras.
Trémulos
os lábios.
O aperto
no peito.
A mágoa…
… o medo.
O libertar
da pressão
- a lágrima.
Espero...
Vanda Paz
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor...não cante
o humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
numa sempre diversa realidade.
Amo-te enfim, de um calmo amor presente,
e te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
dentro da eternidade e cada instante
Amo-te como um bicho, simplesmente
de um amor sem mistério e sem virtude
com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde
é que um dia em teu corpo de repente
hei-de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Loucura te amar
Tua boca de vulcão me convida a um mergulho
Abarco veloz, em brasa, pressentindo o arrepio
Devoro a fruta dos teus lábios sem o menor orgulho
Perpetrando os sentidos, que me arrastam ao desvario
La fora, a lua abraça a noite, prateando teu olhar
Esse mesmo olhar, mavioso, aguçando os sentidos
Que famintos te procuram, na ânsia de te alcançar
Perder a noção do tempo, achar esse ouro escondido
E vou... Provar todo o calor, que vem dessa erupção
Sob a esperada proximidade do teu corpo, estremecer.
E ao ser ternamente tomada em tuas mãos, desfalecer
Vou, porque a voz que me chama, hipnotiza o coração
E já fora de mim, dou-te todas as minhas metades...
Pra sermos unos, inteiros, assumindo nossas verdades
Glória Salles
A crise
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
Fernando Pessoa
domingo, 25 de janeiro de 2009
Solidão
Já não importa mais esse teu jogo.
A esperança já desbotou no varal.
A indiferença apagou todo o fogo.
Neblinou, deixando frio esse quintal.
Não nos move a paixão contraditória.
Noites de aconchego já não tramamos.
Talvez, se quer estejam na memória.
Tudo o que nós, cúmplices, planejamos.
Aquelas flores que cevaram o caminho
Sem viço, não perfumam nosso ninho.
Nem o vento sopra o som da nossa voz.
Até a lua, a comparsa dos amantes.
Não prateia a varanda, como antes.
Negou o límpido clarão, nos deixou sós.
Glória Salles
sábado, 24 de janeiro de 2009
Tu sabes como amar!
Ontem
quando te vi,
percebi
seres a mulher
dos meus sonhos!
Hoje
nada te peço,
mas és carinhosa
quando preciso,
confortas-me
quando sentes
as minhas palavras,
mais frágeis.
Lembras-te de mim
e dizes-me:
era bom estares aqui!
Amanhã
mais unidos seremos,
firmes caminharemos,
porque
tu sabes como amar!
José Manuel Brazão
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Conhecer para vencer
Ao vestir o dia de hoje
Desenhei
Uma nova estrada
Entrei na minha alma
Projectei
Uma nova caminhada!
Olhei
Senti
Decidi
Das lágrimas me despir
Da tristeza me despedir!
Abandonei
Meu passo
Atento e desconfiado.
Abandonei a vigília
De animal cauteloso
Que caminha em território
Desconhecido e perigoso.
Cumprimentei a dor
Cantou-me poemas seus
Vivi a sua cor.
Compreendi o seu texto
Assinei o contrato da paz
Caminhei em frente
Sem olhar para trás!
Á dor...
Escrevi o adeus!
Fernanda Rocha
Faltam-me...
Faltam-me as mãos
para escrever nos versos
a sombra dos sonhos
que falam alto à luz da madrugada.
Faltam-me os olhos
para ver a cor fogo do entardecer
nos contornos (im)precisos desse olhar.
Faltam-me os passos
para vaguear nos rios que me atravessam
em rotas de mel e cravo.
Faltam-me os fios
para consertar as velas do navio
na poeira do tempo por desbravar.
Falta-me a lua cheia
grávida de tanto branco
para pintar em cor de açucena
os golpes descuidados que faço.
Em recolha de rios no leito
silencio esta loucura
que retenho no peito.
Marta Vasil
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Meu Anjo
Você sempre diz que “os anjos não descem à terra
para enxugar nossas lágrimas”
Concordo plenamente
Eles não precisam vir
simplesmente porque existem pessoas
que são sinónimos de anjos
Pessoas amigas iguais a você
Que transmitem paz
Nos acalmam quando queremos explodir
Não nos criticam quando
desesperadamente gritamos em desabafo
Que desperdiçam parte do seu tempo para nos alegrar
Nos fazem sorrir sem usar fantasias de palhaço
Nos abraçam quando nos sentimos vazios
Nos aquecem quando sentimos frio
E que não nos abandonam
Apesar de todos os nossos defeitos
Tu és assim
Um anjo para mim.
Maria Liberdade
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Os três pães
Um dia, numa padaria, entrou um senhor, mal vestido e que se notava que passava por dificuldades, mas que, ainda assim, pediu 3 pães. O padeiro, vendo que o senhor estava a contar o seu dinheiro, na tentativa de os conseguir pagar, perguntou-lhe: Amigo, porque leva 3 pães em vez de um só?
Ao que o senhor responde: Porque um é para mim, outro para pagar um empréstimo, e o terceiro para emprestar.
O padeiro, sem perceber as razões, pediu-lhe que se explicasse. E a resposta não se fez esperar:
- Os meus pais, enquanto eu era pequeno, cuidaram de mim para que nunca passasse fome, mesmo que eles a tivessem. Hoje estão velhos, não podem trabalhar, estão doentes… um pão será para lhes pagar por tudo o que fizeram por mim. Nunca conseguirei saldar essa dívida, sem eles não seria quem sou hoje. Tenho filhos pequenos, o outro pão é para eles, para que, um dia, quando eu for mais velho e não possa cuidar de mim, eles o possam fazer, como eu faço hoje pelos meus pais.
Pedra Filosofal
Nos meus sonhos
Dentro dos meus sonhos perspicazes, pueris
Tua presença cálida e benfazeja faz morada
Imaginar-te em mim, me alimenta, faz feliz
Empresta a limpidez da esperança alicerçada.
Singrando o coração nestas águas plácidas
Vai meu sonho navegando por tua calmaria
E o afã de outra vez, em palavras tácitas
Qual fonte, inundar vida em tuas fantasias.
No sonho, que traz teu coração perto do meu
Quero pra sempre te encontrar e me perder.
Então me farto, e no teu fogo quero arder...
O que de melhor existe em mim, ainda é teu
Por isso insisto nesta saudade que perdura.
E te chamo, pra ser presença que me cura.
Glória Salles
Ao teu encontro vou
Ao encontro
de um mar de afectos,
vou.
Das vagas de carícias,
de beijos
salpicados de sorrisos,
desejados e prolongados.
Ao teu encontro vou.
Ao encontro do raiar
do teu abraço quente.
Do peso
do teu corpo presente.
Do amor,
do prazer.
Das verdadeiras cores
de um momento,
ao brilho de voltar a amar.
Ao teu encontro vou,
e vou
e deixo-me ficar…
Vanda Paz
Um poema
Este meu habitual visitante tem uma forma original de comentar os meus poemas! Deixando um poema como comentário! Como prova de gratidão publico o que ele deixou hoje no "Poesia com emoções"
JoséManuel Brazão
Por gostar tanto
de ler suas poesias….
Lhe deixo uma vez mais
os meus parabéns,
ao ler me encanto
Por escrever tão bem…
Gostei!
Sem nada saber
Sem nada dizer
Sem nada falar…
É um simples ser
Que expõe o seu pensar
Proferindo a frase certa…
Ao descrever o seu ver
Distingue-se ao escrever
Como um louco poeta.
Moisés Correia
Por te amar tanto!
Noites agitadas que passo
com tua imagem presente.
Relembro a tua vida,
a nossa vida:
que já não é como dantes;
acompanhavas-me,
escutavas-me,
parecias feliz!
O tempo avançou,
nuns dias pareces triste,
atormentada,
noutros, pareces serena,
como se tudo estivesse bem!
Por te amar tanto
minhas noites são agitadas,
não descanso
por te ver assim,
por estares longe de mim,
por não ver teus olhos:
se me escondem
o que te vai na Alma!
Por te amar tanto,
meus braços estão abertos,
para conforto do teu corpo
e do teu amor!
Por te amar tanto…
José Manuel Brazão
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Imenso
Imenso
Foi o momento
A saudade
O abraço
O beijo
O calor
O prazer
Imenso
É o vermelho
Da rosa
Que deixaste
No meu peito
Vanda Paz
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Sou uma CRIANÇA!...
Sou uma criança!...
Se sou um presente de Deus...
Porque me ensinas a chorar?
Se sou o Homem de Amanhã...
Porque me ensinas a odiar?
Porque num ventre fui guardado...
Para ao nascer me perder...
Num mundo adulterado?
Se adulto... não sabes
Viver
Deixa, eu criança... dizer...
O Amor...
Não é... uma bandeira política...
Não é... um contrato assinado
Não é... um direito humano violado
Por diferenças religiosas
Por cor ou riquezas enganosas!
Mas apenas é... um direito herdado
A quem nasceu... e não sabe
Que o Amor foi transformado
Que o desamor foi doado
Ao fraco... que se julga forte
Porque tem na ponta de uma arma
A Vida de alguém... e sua Morte!
É minha constante inquietação, a vida a que o Mundo destina as nossas crianças!
Vamos reflectir e pensar no quanto diferente, poderia ser o seu modo de ser, se não fosse adulterado o seu crescimento!
Fernanda Rocha
domingo, 18 de janeiro de 2009
Alhos e bugalhos
Por vezes não consigo entender. Falam-me de alhos e quando vejo escreveram bugalhos. Não está certo agredir a pouca capacidade mental que ainda me resta. O meu instinto repugna as pessoas de duas caras, de duas bocas e de quatro olhos, que saltam e vagueiam pela miséria da vida de outros, pobres coitados. O pouco pão que lhes resta na mesa, a pouca água que lhes corre na torneira, a pouca dignidade que ainda lhes resta é quantificada, humilhada e violada por aqueles que se lavam de perfume e se lambuzam de pratos adornados de carnes, novas, recheadas de palavras.
- Venham, venham, venham comprar. É linda a minha obra. Venham, não custa quase nada.
Diz o lambuzado com a garota sorridente debaixo do braço.
Os outros passam de olhar cerrado no chão e assobiam, apenas olham para as pernas tenras com ganas de as comerem, não sei se por fome ou pela pedrada que lhes dá só de pensar no assunto.
- A vida está má, se está… encha a barriga de letras, não de massa, de letras daquelas que vêm nos livros, não tem? Ofereço-lhe umas frases fresquinhas, para acompanhar o almoço (assim, enquanto lê esquece que só tem arroz), se gostar vendo-lhe uns textos, assim, também já dá para o jantar. Se comprar a colecção toda ofereço-lhe um computador. Queria antes uma vaca? Para que quer a vaca? (que nojo). Para comer? Oh! Homem esqueça o comer, não sabe que agora está na moda fazer dieta? É verdade, a minha mulher gasta-me o dinheiro todo em papas e comprimidos para não comer, está na moda.
Junta-se outra bonitona, de olhar matador, com força para arrastar multidões. Espalha sorrisos e frases de encantar, tudo é azul ao seu redor, os seus olhos brilham de entusiasmo a ver os pobres coitados completamente rendidos àquele pedaço de mulher.
- Afinal é verdade, existem mulheres assim, coitada da minha Maria…
Os outros, os fracos, seguem-na na ilusão da verdade que ela lhes conta, sobre os alhos… Deixam o pouco que têm, deixam a camisa, os olhos… a dignidade… Mas sorridentes trazem uma folha que descreve todos os bugalhos que adquiriram, para nada.
Vanda Paz
Desabafo
Não sei porque resvalo sempre na tua forma mais incrédula de recusares o sol na palma da tua mão. Chego a acreditar que todo o céu que te pintei até hoje nunca chegou a ser o tecto dos teus sonhos. Tenho mantido as estrelas acesas da forma mais simples para que o calor não te falte no peito. Hoje, escorreguei nas minhas lágrimas perdidas e quando me tentei agarrar ao teu silêncio, não estava lá. Caiu-me a alma como pena molhada num baú de recordações ficando empoeirada pelo pó de beijos afogueados que me deste em tempos. Ainda senti um breve cheiro do teu corpo suado. Por sorte, o meu corpo deu pela minha falta e apanhou-me, estou completa, nesta tristeza que mora comigo. Só que agora fiquei de castigo, dentro de mim, ouvindo o ranger de sorrisos forçados daquela que me traz e o bater descoordenado de um coração que não alcança o ritmo certo. O ambiente neste corpo não é dos melhores, as feridas da vida são tantas que até a mim me doem. Sufoco se ficar aqui, terei de voltar a escorregar nas lágrimas que saem dos olhos cansados deste ser que por vezes já nem existe, quem sabe, terei mais sorte desta vez e caia num abraço teu.
Vanda Paz
Tempo de poesia
Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
António Gedeão
sábado, 17 de janeiro de 2009
Janelas com vidas por contar
Mãos ásperas de gotículas de suor
assentaram-na perfeita na parede austera.
O vento de brusquidão nas mãos
arrebatou-lhe a cortina de chita
O sol em feixes de fogo
desbotou-lhe a cor framboesa
As torrentes de água invernais
empenaram-lhe a madeira secular
fizeram-na gemer nos gestos de abrir e fechar
O tempo na sua vaidade frívola
foi-a coçando
carregando-a de histórias de amor
paixão em fogo, dores em flagelo.
Hoje, aos olhares furtivos
é apenas janela com vidas por contar.
Marta Vasil
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Pudesse eu escrever
Escrevi,
escrevi muito.
Palavras sem conta;
umas levou-as o vento,
outras andam por aí,
quem sabe…
guardadas em corações,
nalgumas emoções!
Nem tudo escrevi
nem tudo escreverei,
mas o que existe,
é Verdade,
só Verdade!
Pudesse eu escrever,
tudo o que sinto,
tudo o que eu amo …
José Manuel Brazão
Preciso de ti
Perdida na noite
num caminho
sem ter fim
recordo... o teu rosto
e não deixo de ouvir
tua voz!
Pregada... no teu corpo
naveguei, sem parar...
Tantas loucuras, desenhadas...
Trancadas, na minha memória
em mim, grita a vontade
De escrever, cantar...
Ou apenas dizer
preciso de ti!...
Andreia Alfama
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Quem sou eu?
Quem sou eu?
Ajude-me a responder!
Eu sou um pássaro sem asas
Um sonho em corpo de menina
A realidade na face da mulher
Uma amiga que conforta
Uma professora que aprende
Uma aluna que ensina
Quem sou eu?
Ajude-me a decifrar!
Eu sou a água que molha a terra
A lágrima que sufoca o sorriso
A luz que apaga a escuridão
A melodia que ecoa
A paz que acalma o coração
Quem sou eu?
Eu sou a sensibilidade à flor da pele
As lavas de um vulcão
Eu sou o grito do silêncio
E a companheira da solidão
Quem sou eu?
Ainda não descobriste?
Eu sou tudo e sou nada
Eu sou o que você olha e não enxerga
És capaz de responder agora?
Quem sou eu?
Maria Liberdade
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
A minha dor
A minha Dor é um convento ideal
cheio de claustros, sombras, arcarias,
aonde a pedra em convulsões sombrias
tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonia
ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral
ao bater horas, no correr dos dias...
A minha Dor é um convento. Há lírios
dum roxo macerado de martírios,
tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
noites e dias rezo e grito e choro,
e ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...
Florbela Espanca
Gostaria ...
Gostaria...
de o teu toque
sentir na minha mão...
Para sentir outra vez
a certeza do teu amor
eu beijaria os teus olhos
para que adormecesses
a meu lado
acariciaria os teus cabelos
arranharia levemente o teu peito
e deitar-me-ia junto
ao teu coração!
Para sentir
a cada batida... tua
o que sentes por mim!
A cada batida
um segundo de nossas vidas... passaria
e o meu amor
Seguro... navegaria
para um Amor... sem fim!
Andreia Alfama
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Inacessível
Altiva na sua verticalidade
desprendida dos olhos que a cobiçam
inerte no seio do vento
inacessível aos sentidos que a tocam,
não fala
não baila
não olha.
É ela, flor vertical!
De olhos cegos à luz que cai da lua
cobre-se de pétalas em pedra
e desperta enfadada
da cor agreste do silêncio.
Marta Vasil
Chovem pingos de silêncio na palma da minha mão
Os ventos apagam o aroma
do meu respirar.
Silenciam os passos na estrada
que atravessa o mar de suspiros
das lindas sereias encantadas.
Os olhos, cor de avelã , chegam ao horizonte
onde tudo se espraia sem o som afinado
das vozes das fadas cor de rosa.
O verso deixa de dedilhar as palavras,
deixando a musica do poema em pausa profunda.
Chovem pingos de silêncio
na palma da minha mão, e eu calo as letras…
Vanda Paz
domingo, 11 de janeiro de 2009
Porque não vives?
Mulher sorridente,
doce,
de amor ardente,
porque não vives?
Tens medos,
hesitações;
agarrada ao passado,
que já passou!
No presente
liberta as amarras
que trazes contigo
e dá-te à Vida!
Mostra
que tens muito amor
para dar
e queres receber
de quem te compreenda
e quem te ame!
Mostra
que não queres o Outono
na tua vida
e esperas florescer
com uma primavera
de muita flor,
de muito encanto!
Mostra
que queres viver…
José Manuel Brazão
sábado, 10 de janeiro de 2009
Em segredo
Deslizam palavras do olhar que caem, soltas e desamparadas nas mãos em concha. Nem as lágrimas as podem juntar, nem o sentimento as pode soletrar. Invento frases nos lábios de quem sabe escrever, reinvento poemas na boca de quem sabe cantar. Escrevo pelos dedos daqueles que declamam pensamentos meus, encobrindo a ilusão que agora represento. Os versos imaginados são escritos de tinta transparente para que não se leia a paixão das letras, para que não se sinta o bater de um coração que sonha.
O peito, esse, continua a escrever em segredo.
Vanda Paz
Não quero nada
Não quero nada...
Quero apenas o milagre esperado
Do meu pranto que cai
Há tanto tempo guardado!
Não quero nada...
Quero apenas ver
Teu sorriso florido
Quero apenas sentir
Teu abraço perdido!
Não quero nada...
Quero de ti cuidar
Quero sentir a esperança
Quero-te voltar a abraçar
Como quando eras criança!
Não quero...
Ver-te naquela estrela brilhante!
Quero...
Tua presença constante!
Não quero nada...
Não quero o sol
Não quero o mar
Só te quero a ti
Para não sufocar!
Fernanda Rocha
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Sorri no adeus
Se tiver de partir
não me digas adeus,
não vertas lágrimas...
Tão somente sorri
porque em teu sorriso sou feliz.
Quando a saudade apertar,
sente o vento,
serão as minhas mãos a te acariciar,
ouve o canto dos passarinhos
serão melodias por mim tocadas,
á noite observa o céu
serei eu a estrela que sorri para ti,
quando os raios de sol
em teu quarto entrarem
serei eu a te acordar.
Se tiver que partir
irei feliz...
porque sei que serei
sempre por ti amada,
será uma curta viagem
e nem o tempo e a distância
nos poderão separar...
Nossas almas foram
encontradas para viver
toda a eternidade...
Não me digas adeus,
somente sorri para mim...
Ana Coelho
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Um poema de amor
Hoje é o dia de aniversário da minha Amiga Vanda Paz e poeta residente desde o nascimento deste Blog. Uma colaboração preciosa que contribuiu para o prestígio alcançado!
Como presente publico da sua Obra - que li muitos e muitos textos - o poema " Um poema de amor" que considero, porventura, o mais belo de todos!
Igualmente publico o meu poema "Coração poeta" o qual na altura dediquei-o à Vanda!
Vanda, parabéns e saúde!
José Manuel Brazão
Um poema de amor
Serei a tua frase completa
aquela em que deitas o teu olhar.
Serei o teu horizonte distante
onde mergulhas
despido da vida, para me amar.
Serás o livro que me acha,
que à noite,
me acompanha na cama.
Serás o poema que chora
e entre verbos intensos
ainda diz que me ama.
Serei o teu vinho
que bebes com alma,
a luz que te adormece,
o silêncio que te acalma.
Serás a lágrima que escorre
na minha face perdida,
a lua que à noite me guarda,
o sol que anseia a minha pele despida.
Vanda Paz
Coração poeta
Vives, escreves,
usas as palavras,
sempre,
sempre com o coração!
Mulher de paixão,
sonhas a vida,
com magia, alegria,
sempre com o coração!
Amas
o som dos pássaros,
amas
o som do mar,
envolves-te com as ondas,
abraça-las com amor.
Amas
o horizonte,
as pessoas …
Acaba o sonho!
Vem a ilusão …
Viverás
sempre com o coração;
coração poeta …
José Manuel Brazão
Memórias do passado
Num oceano de memórias,
Passo em câmara lenta o passado,
Os tempos vividos sem ti,
Ou contigo... pela metade.
Revejo teu sorriso fugidio,
As tuas palavras soltas...
Sinto ainda dentro de mim
O bater do teu coração,
A timidez das frases quase incontidas.
Então, remexo
Dentro dos meus sentimentos adormecidos,
Para encontrar um sol que ainda brilha,
Um fogo que ainda queima.
Passaram tantos anos, meu amor,
Tantas mágoas, tantas histórias,
Que perduraram para além dos tempos.
Passaram tantas intempéries,
Tantos fracassos, tantas vitórias.
E no entanto,
Meus sentimentos renasceram
Novamente em ti.
Procurei-te noutros corações,
Noutras almas, noutros tempos,
Até que por fim encontrei-te,
E qual não foi o meu assombro,
Quando descobri, que afinal,
Sempre viveste dentro de mim,
E eu, que já nem me lembrava
Que o amor sempre residiu em minha alma
E que tu, sempre foste
A minha outra metade.
Catarina Camacho
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Semeio o Sol
Caiu de espasmo em espasmo
em golpes infringidos pelo vento
o verde da árvore que me erguia vertical.
Deitaram lágrimas as estrelas do céu
apagou-se a luz que tombava do luar
e que me afagava docemente o rosto.
O tempo, com tempo,
foi percorrendo equações circulares
sempre sem teorias de resolução.
Mas hoje…
alvoreceu a manhã como um mar indomável.
E é então que …
semeio o sol na seara da vida.
Ponho as mãos em fuga
de um combate sem aliados.
Sorvo néctares, muitos néctares de vigor.
Pego em flautas e violinos
combato moinhos de vento
e encho pautas musicais
de notas livres como a brisa.
Marta Vasil
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Carinhos que recebi II
A vida está sempre a surpreender-nos! Ao longo do ano 2008, passei por experiências ou provas, umas superadas, outras conquistadas, que nunca imaginei!
Passei o ano a viver cada dia, solitariamente, mas sempre “acompanhado”.
Conheci novas Pessoas com quem criei afinidades, estima, respeito e consideração.
Dos velhos Amigos continuei a contar com a sua fidelidade.
Todos os dias pensei nos meus Filhos (tenho três filhos) e nos meus Netos; meditei muito por todos aqueles que não tenham saúde ou que vivam pior que eu!
Durante o ano de 2008 recebi muito carinho e procurei retribuir Amor…
Recordo as palavras de velha Amiga disse-me: “uma porta fechou-se e várias abriram-se ... “.
Nada pedi. Deus concedeu-me estas graças …!
José Manuel Brazão
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Sopro de saudade
Na madrugada do meu olhar
colhi marés vivas de letras
que falavam entontecidas
das dunas, da brisa… do amor.
Como te recordei, nessa hora,
como te desejei nos meus braços,
qual esboço desamparado de saudade.
A casa ainda é tua, o meu peito o espaço
onde te podes abrigar e repousar
colhendo desejos na foz do meu corpo,
entre vagas de memórias jamais esquecidas.
Vanda Paz
A poesia ressurge
Perdidas, as palavras em mim fertilizam
preenchendo esse vazio, quase imutável
invasoras do meu espaço, elas se mostram
barulho fértil nesse meu silêncio execrável.
São ecos dentro em mim impondo gemidos
que vasculham sem licença meus recantos
ultrapassa limites, desfalcando os sentidos
os rios claros da minha vida transbordando.
Dou-me aos verbos deixando fluir a poesia
delas ressurjo em sonhos quase infantis...
impregnado nas veias, os tantos versos senis.
Antes trancados no peito, hoje são pura magia
desatando segredos, e se mostrando aos poucos
minha alma expõe, queima os instintos mais loucos.
Glória Salles
Lágrima
Quando penso
e penso em ti,
vem a lágrima,
lágrima teimosa,
por seres generosa,
uma pedra preciosa
a decorar o meu coração!
Quando penso
e penso em ti,
vem o sonho duma paixão,
sonhada, mas por viver!
Quando penso
e penso em ti,
vem a lágrima,
lágrima teimosa,
por ver
não estares ao pé de mim!
Apenas sonho
e vem a lágrima…
José Manuel Brazão
domingo, 4 de janeiro de 2009
Agradecimento ao Sol
Fresca a brisa na manhã
sem tutela, nem dono.
Raia o sol, mansamente,
nos primeiros acordes matinais
e diz BOM DIA!
- às árvores que se desaprumam
em vénias de agradecimento;
- às casas que anseiam cavar risos
em terra revoltada
- às portas que rangem
no silêncio do bairro a acordar;
- às janelas com ensejo
de sorverem a luz matinal.
Depois… num espreguiçar apressado
tudo responde:
Obrigado Sol
pela maternidade de mais um dia!
Marta Vasil
Mãe, preciso tanto de ti!
Há tanto tempo,
que te vi partir
e naquele momento
dissemos adeus
com um “até sempre”!
Há tanto tempo,
que a espera
do “até sempre”
tarda!
Aflita
para que nada aconteça!
Feliz
pelo bom que me apareça!
Há tanto tempo
e os anos passam;
Mãe,
preciso tanto de ti!
José Manuel Brazão
sábado, 3 de janeiro de 2009
Se eu pudesse voltar no tempo
Ontem eu senti vontade de abraçá-lo
Dizer que o amava
Quis chamá-lo para sair
Ontem eu queria conversar
Falar e te ouvir
Eu pretendia dizer o quanto você é especial
Mas acabei deixando para depois
O tempo passa tão rápido
A vida é uma correria
E foi na correria da vida que eu te perdi
A linha tênue se rompeu
As luzes se apagaram
Você adormeceu
O pesadelo do arrependimento me consome
Quantas oportunidades desperdiçadas!
Agora é tarde demais
Seus olhos não olham mais para mim
Tuas mãos estão rijas sobre o peito
Já não posso mais sentir a tua respiração
Se eu pudesse voltar no tempo
Seria mais atencioso
Aproveitaria cada segundo ao teu lado
Depois que você partiu
A letargia tomou conta do meu ser
Nada mais posso fazer
Além de recordar os nossos momentos
Sentir a tua ausência
E desejar a tua presença
Se eu pudesse voltar no tempo
Congelaria o teu sorriso
O teu abraço
O teu aperto de mão
Congelaria a vida que pulsava em ti
Ah, se eu pudesse voltar no tempo!
Maria Liberdade
Olhos de mel
Quando te encontro,
deparo com teus olhos,
admiro-os, já lhes chamo:
olhos de mel.
Tu és ternura,
doçura,
que me fascina
em ti: mulher!
És doce comigo,
irradias alegria,
simpatia.
Sinto a tua amizade,
banhada
pelas tuas lágrimas
de mulher solidária,
Limpo as lágrimas,
olhas para mim:
não esquecerei
esses olhos de mel…
José Manuel Brazão
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Caminhemos... (dai-me forças!)
Tanto caminhei,
tanto amei
e amo,
tanto ajudei
e fui ajudado!
Tanto caminhei
procurando momentos felizes,
ver os outros nesses momentos
e ficar reconfortado!
E agora?
Caminho,
caminhemos (dai-me forças!),
com paz interior,
amor, sempre amor,
até ao sorriso final!
José Manuel Brazão
Renascer
Caía a noite ávida de chegar
Estilhaçava-se o sossego em que me deitava
Paravam os voos de borboletas
onde ao entardecer eu esvoaçava
Telas recobriam-se de tintas
que o tempo, sem dó, apagava
Acendiam-se chamas fosforescentes
em florestas virgens de mãos.
Paravam as melodias silvestres
brotadas do rumorejar das fontes.
E em cachos abundantes
nasciam vogais e consoantes
em fabrico de novas palavras.
Marta Vasil
Pequeno momento de sentires
Nesta tarde de Janeiro em que a preguiça me tomou conta do corpo, descanso os olhos no passado. São tantos os objectos que me assaltam as memórias de tempos tão distantes, são tantas as fotografias que me fazem sorrir ao sentir-me naquelas épocas em que a felicidade não custava. Encosto o meu sorriso à janela da casa que me aconchega os laços familiares e deixo-o escorrer com a chuva que teima em não parar. Contemplo o mar, o meu mar, aquele que me viu crescer e que me mata de saudades quando estou em terra distante. Aqui o Tejo abraça-o, diluisse nele, entregando-lhe todas as lágrimas de povos tão diferentes. Ah, como eu aqui me sinto eu. Como eu aqui recarrego as energias ao corpo sempre ausente. As almas descansam comigo neste pequeno momento de sentires, rodopiam trazendo-me recordações que o tempo vai apagando. Depois, vem a música das gargalhadas das crianças, chegam os abraços quentes que me rompem os pensamentos, mostrando-me que eles são o meu tempo presente, os verdadeiros momentos da vida. E que o futuro é só amanhã.
Vanda Paz
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